quarta-feira, 19 de maio de 2010

Morro

We are the hollow men
We are the stuffed men
Leaning together
Headpiece filled with straw. Alas!

T.S. Eliot


Fui com uma boa amiga, às 19h, ao metrô consolação para encontramos a morte. Chegando lá ela já nos aguardava com cara de impaciência. Era uma velha senhora de longo vestido branco e barba grisalha por fazer. Eram muitos os dedos, de todas as cores e formas. Tocava todos os que passavam por perto e alegrava as crianças. Descemos até o subsolo, andamos de trem, tomamos cachaça e chegamos ao morro. Este ficava poucos quilômetros depois do universo e só a morte sabia a estação que deveríamos parar. Subimos por entre galhos, espinhos e cobras.

Do alto, contemplamos a criação e o fim em poucos segundos, percebemos o tempo das coisas e entendemos que o mundo fazia sentido, mas só quando chegava ao fim. Não fazia sentido no mundo. De longe um poeta dizia que tudo era só um suspiro, ou um sussurro.

Descemos, então, a pedido da morte que ficava mais velha a toda hora e sempre precisava descansar. Cansamos também.

Um comentário:

  1. Muito bom, Sr. Macaco!!!

    (Sem dúvida compartilhamos de algumas idéias - talvez efeitos da cortiça, da cachaça, da fumaça e da desgraça compartilhada)

    ResponderExcluir