"se ainda me acha louco, não mais pensará assim quando eu descrever as sensatas precauções que tomei para ocultar o corpo. a noite avançava, e trabalhei depressa, mas em silêncio. antes de tudo desmembrei o cadáver. separei a cabeça, os braços e as pernas."
o coração delator - edgar allan poe
não é loucura, saberia se fosse. tão pouco embriagues, pois essa finda com o dia às 7 e tantas da manhã numa cama qualquer feita de espinhos e seios. dois, belíssimos, perversos e maternais. não há qualquer problema em minha lógica exata e precisa, nem em minha subjetividade comedida, quase objetivada pelos sentidos químicos de meu cérebro matemático.
a alma permanece serena e pura na simples aceitação do mundo, suas coisas, nomes e lugares e todas suas sub e super-exposições, macro ou micro-econômico-sociais.
a inquietação tem apenas sentido físico. de todos os membros, percebo-me o menos apto, com dedos tortos e unhas mal-cortadas. carrego como apêndice toda a funcionalidade essencial e divina do corpo, guiada no equilíbrio-coxo da razão deslocada. na tentativa mítica de quebrar as correntes cirróticas, livro-me da cabeça e então dos braços, tronco e pernas. prostrado silenciosamente no forno engordurado pré-aquecido da razão pura, deito-me sendo pé-esquerdo e aguardo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário